sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Estudantes do curso de Serviço Social entrevistam o Assistente Social do Hospital Dr. José Augusto Dantas de Parelhas







“O problema maior que enfrentamos não são as condições financeiras, mas a cultura do povo brasileiro. É claro que o exemplo deve partir do setor do poder público, porém isso é concomitante, pois antes de ter o poder público existe o homem”.








Reconhecendo os desafios enfrentados no âmbito do Serviço Social na Saúde, o BLOG Saúde&Social em Foco, na sexta-feira dia 22 de novembro conversou com o Assistente Social e, na ocasião, também diretor geral do Hospital Drº. José Augusto Dantas do município de Parelhas-RN. Carlos Magno de Souza Cordeiro é graduado em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e tem experiência profissional na saúde pelo estado do RN e na PB.

Saúde&Social em Foco: Como se dá o trabalho do Assistente Social e quais as suas atribuições na instituição?

Carlos Magno – Não só aqui, mas em qualquer outro hospital, é de competência do Assistente Social inicialmente, ter o contato com a família dos pacientes internos buscando amenizar os impactos referidos ao problema de saúde do indivíduo, seja elas as condições de moradia, o saneamento básico, as condições de higiene da casa, averiguar se na família há usuários de drogas. Fazer anamnese da família do paciente para poder ajudar no diagnóstico médico.

Saúde&Social em Foco: Como é atendida a demanda da instituição? Toda essa demanda é atendida?

Carlos Magno – É atendida de forma prioritária ao máximo, devido ao acúmulo de serviços atribuído para o profissional e pelas condições financeiras. Porém, mesmo com a dificuldade financeira ainda é possível atender as prioridades, além disso, compramos uma máquina nova do Raio X, compramos uma ambulância nova 0 KM, não falta médico plantonista nenhum dia no hospital, somente quando o médico por algum motivo maior não pode vim ao município e avisa de última hora ao hospital que não poderá vim atender, mas isso ocorre com pouca frequência, e mesmo quando ocorre ainda tentamos procurar outro médico que possa substituir o plantão.

Saúde&Social em Foco: Como é desenvolvido o trabalho multiprofissional?

Carlos Magno – Por questões financeiras só permanece o componente clínico de Parelhas, foge um pouco do padrão multidisciplinar, somente a equipe básica (médico, enfermeiro, técnicos de enfermagem, ASGs, condutores de ambulância, nutricionista, vigia). Por motivo do nosso IDH ser alto o investimento do Governo é relativamente menor pra nós com relação a um município que o IDH seja baixo, o IDH refere-se à saúde: saneamento básico, o nosso município é quase 100% saneado, vacinação, controle de mortalidade infantil que chega a zero, além disso refere-se a educação: índice de analfabetismo que chega a quase 0% no nosso município, e à renda per capita de cada família que com os programas do Governo Federal às famílias do nosso município puderam viver em melhores condições, ou seja, o nosso município paga por ser bom.

Saúde&Social em Foco: Como é desenvolvido o trabalho multissetorial com a rede de proteção básica?

Carlos Magno – Mantemos sempre um contato frequente. Por exemplo, com relação aos PSFs: infelizmente, ainda não é feito o atendimento burocrático via PSF-Hospital. Ainda é feito um contato informal. Quanto ao contato com o CREAS, por exemplo, nós convocamos a equipe para acompanhar o caso das famílias dos pacientes internos para conhecer a situação de cada família, sendo o caso, encaminha-se ao Ministério Público.

Saúde&Social em Foco: Qual é o maior desafio enfrentado na instituição?

Carlos Magno – Resumidamente, a estrutura física e financeira e autosupervalorização do médico também, pois um médico que passa parte de sua vida estudando e ainda se especializar em uma área que, nesse caso, é preciso fazer residência médica, muitas vezes o médico precisa até ir pra fora do Brasil pra se especializar, este profissional, por exemplo, não vai aceitar dar um plantão aqui por qualquer preço, e não é só o caso financeiro que os médicos não aceitam trabalhar aqui, é também a condição geográfica, muitas vezes se torna longe demais para o médico vim atender aqui. Além disso, dependemos muito do Ministério da Saúde, por isso que muitas vezes não é dado um segmento ao tratamento com maior celeridade. Entretanto, o problema maior que enfrentamos não são as condições financeiras, mas a cultura do povo brasileiro. É claro que o exemplo deve partir do setor do poder público, porém isso é concomitante, pois antes de ter o poder público existe o homem.

Saúde&Social em Foco: Considerações finais: o que está faltando para o trabalho do Assistente Social ser de melhor eficácia?

Carlos Magno - Devido ao acúmulo de serviços, seria mais eficiente à divisão de tarefas com outros Assistentes Sociais vinculados à saúde, mas por questão financeira não podemos, por enquanto, contratar outro profissional para nos ajudar nesse serviço. Existe também a questão dos veículos, porque muitas vezes precisamos fazer uma visita domiciliar e não tem carro disponível para ir até a família do paciente.

Saúde&Social em Foco: Por fim, queremos agradecer imensamente sua colaboração para o nosso BLOG, desejamos sucesso em sua carreira e boa sorte para a nossa saúde pública. 



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