“O problema maior que
enfrentamos não são as condições financeiras, mas a cultura do povo brasileiro.
É claro que o exemplo deve partir do setor do poder público, porém isso é
concomitante, pois antes de ter o poder público existe o homem”.
Reconhecendo os desafios
enfrentados no âmbito do Serviço Social na Saúde, o BLOG Saúde&Social em Foco, na sexta-feira dia 22 de
novembro conversou com o Assistente Social e, na ocasião, também diretor geral
do Hospital Drº. José Augusto Dantas do município de Parelhas-RN. Carlos Magno de
Souza Cordeiro é graduado em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte e tem experiência profissional na saúde pelo estado do RN e na
PB.
Saúde&Social
em Foco: Como se dá o trabalho do Assistente Social e quais as
suas atribuições na instituição?
Carlos Magno – Não só aqui,
mas em qualquer outro hospital, é de competência do Assistente Social
inicialmente, ter o contato com a família dos pacientes internos buscando
amenizar os impactos referidos ao problema de saúde do indivíduo, seja elas as
condições de moradia, o saneamento básico, as condições de higiene da casa, averiguar
se na família há usuários de drogas. Fazer anamnese da família do paciente para
poder ajudar no diagnóstico médico.
Saúde&Social
em Foco: Como é atendida a demanda da instituição? Toda essa
demanda é atendida?
Carlos Magno – É atendida de
forma prioritária ao máximo, devido ao acúmulo de serviços atribuído para o
profissional e pelas condições financeiras. Porém, mesmo com a dificuldade
financeira ainda é possível atender as prioridades, além disso, compramos uma
máquina nova do Raio X, compramos uma ambulância nova 0 KM, não falta médico
plantonista nenhum dia no hospital, somente quando o médico por algum motivo
maior não pode vim ao município e avisa de última hora ao hospital que não
poderá vim atender, mas isso ocorre com pouca frequência, e mesmo quando ocorre
ainda tentamos procurar outro médico que possa substituir o plantão.
Saúde&Social
em Foco: Como é desenvolvido o trabalho multiprofissional?
Carlos Magno – Por questões
financeiras só permanece o componente clínico de Parelhas, foge um pouco do
padrão multidisciplinar, somente a equipe básica (médico, enfermeiro, técnicos
de enfermagem, ASGs, condutores de ambulância, nutricionista, vigia). Por
motivo do nosso IDH ser alto o investimento do Governo é relativamente menor
pra nós com relação a um município que o IDH seja baixo, o IDH refere-se à
saúde: saneamento básico, o nosso município é quase 100% saneado, vacinação,
controle de mortalidade infantil que chega a zero, além disso refere-se a
educação: índice de analfabetismo que chega a quase 0% no nosso município, e à
renda per capita de cada família que
com os programas do Governo Federal às famílias do nosso município puderam viver
em melhores condições, ou seja, o nosso município paga por ser bom.
Saúde&Social
em Foco: Como é desenvolvido o trabalho multissetorial com a rede
de proteção básica?
Carlos Magno – Mantemos
sempre um contato frequente. Por exemplo, com relação aos PSFs: infelizmente, ainda
não é feito o atendimento burocrático via PSF-Hospital. Ainda é feito um
contato informal. Quanto ao contato com o CREAS, por exemplo, nós convocamos a
equipe para acompanhar o caso das famílias dos pacientes internos para conhecer
a situação de cada família, sendo o caso, encaminha-se ao Ministério Público.
Saúde&Social
em Foco: Qual é o maior desafio enfrentado na instituição?
Carlos Magno – Resumidamente,
a estrutura física e financeira e autosupervalorização do médico também, pois
um médico que passa parte de sua vida estudando e ainda se especializar em uma
área que, nesse caso, é preciso fazer residência médica, muitas vezes o médico
precisa até ir pra fora do Brasil pra se especializar, este profissional, por
exemplo, não vai aceitar dar um plantão aqui por qualquer preço, e não é só o
caso financeiro que os médicos não aceitam trabalhar aqui, é também a condição
geográfica, muitas vezes se torna longe demais para o médico vim atender aqui.
Além disso, dependemos muito do Ministério da Saúde, por isso que muitas vezes
não é dado um segmento ao tratamento com maior celeridade. Entretanto, o
problema maior que enfrentamos não são as condições financeiras, mas a cultura
do povo brasileiro. É claro que o exemplo deve partir do setor do poder
público, porém isso é concomitante, pois antes de ter o poder público existe o
homem.
Saúde&Social
em Foco: Considerações finais: o que está faltando para o
trabalho do Assistente Social ser de melhor eficácia?
Carlos Magno - Devido ao acúmulo de
serviços, seria mais eficiente à divisão de tarefas com outros Assistentes Sociais
vinculados à saúde, mas por questão financeira não podemos, por enquanto,
contratar outro profissional para nos ajudar nesse serviço. Existe também a
questão dos veículos, porque muitas vezes precisamos fazer uma visita
domiciliar e não tem carro disponível para ir até a família do paciente.
Saúde&Social
em Foco: Por fim, queremos agradecer imensamente sua
colaboração para o nosso BLOG, desejamos sucesso em sua carreira e boa sorte
para a nossa saúde pública.
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